Nesta segunda, 02 de dezembro, a Câmara Municipal de Castanheira, em sua 35ª reunião ordinária, por indicação do vereador Lourival Alves da Rocha, com apoio do vereador João Carlos (Palito), confere o título de Cidadã Castanheirense à Rosa Ferpotto de Lima, 70 anos, mais conhecida na comunidade por Rosinha.
Foi em Álvares Machado, interior de São Paulo, que ela nasceu Rosa. Mas foi em Castanheira que ela tornou-se Rosinha – e construiu uma história de lutas que servirá como um legado positivo às futuras gerações na busca por modelos positivos de pessoas que movimentam o cotidiano de uma cidade.
Dona Rosinha veio para a região em 1987, para residir com a família na fazenda de Celso Sparavieri. Ali, trabalhou na lavoura, além de cuidar de umas vacas do Senhor Dinho, conhecido pelo Boteco que mantinha na cidade.
Sempre animada e com um sorriso para distribuir, se emociona na medida em que pinça detalhes de seu passado. “Por intervenção da comadre Leonora, madrinha de batismo de um de seus filhos, comecei a trabalhar na Prefeitura Municipal de Castanheira na função de serviços gerais”, destaca.
Na administração pública, depois de aprovada em concurso, foi admitida em 15 de janeiro de 1991, atuando com dedicação e impondo seu jeito carismático nos setores da Saúde, Educação e Agricultura. “Era a cozinheira mais alegre que tínhamos”, lembra um dos funcionários.
Mais recentemente catadora de latinhas, sendo facilmente encontrada nas primeiras horas do dia buscando suas unidades, dona Rosinha não se desanimou diante da perda do esposo, João Epifânio Lima, em 2009, vitimado por insuficiência respiratória, mantendo uma dura rotina de trabalho para criar os filhos, nove ao todo, sendo quatro já falecidos, e os netos.
Quem visita sua humilde residência, no Bairro Santo Antônio, na rua homônima, encontra um local bem cuidado e ouve sempre uma boa prosa, as vezes com pequenas interrupções por conta de iniciativas como o feitio de um café ou adiantamento de alguma refeição, que ela costuma preparar, carinhosamente, para os ocupantes da casa.
Entre as lidas domésticas e os dias catando suas latinhas, Rosinha ainda encontra tempo para participar das atividades do Clube dos Idosos, onde é referência de animação. Acaba de ganhar, num intercâmbio com os amigos de Juína, o concurso de melhor fantasia, num tradicional baile que as instituições do gênero costumam fazer todos os anos.
Sua presença é marcante por onde passa, por lembrar jeitos que se tornam cada vez mais raros, de seres humanos que conseguem cativar pela delicadeza e pela vontade de viver, mesmo que as circunstancias não sejam favoráveis.
A preocupação com os filhos e netos. A repetição da busca de latinhas todos dias. A dureza da luta no dia a dia, que inclui a preocupação com o que vai se comer. O enfrentamento sem murmuração. Dona Rosinha é um exemplo positivo num mundo de desigualdades extremas.
A homenagem da Câmara, mais do que fazer justiça a luta de uma mulher, é uma chamada a reflexão sobre a imprescindibilidade de alguns personagens, às vezes esquecidos por conta dos critérios desiguais que as vezes estabelecemos para definir quais personagens constroem nossa história.