Quando Eva Squizani, 40, registrou “luto” em suas redes sociais, no último dia 12 de janeiro, poucos sabiam que por detrás do familiar que partiu, seu pai, existe uma história que hoje lhe traz mais tristeza do que o habitual. Há quase 40 anos, desde que deixou, com 8 meses, a cidade de Laranjeira do Sul, no Paraná, no colo da mãe, Rosalina da Silva Squizani, ao lado dos irmãos Maria Roseli e Milton Cézar, ainda crianças, ela não teve ligação com suas raízes paternas.
Eva conta que sua mãe se casou muito nova com João Flor Squizani. A vida não foi fácil para os dois, que acabaram se separando. Foi assim que chegaram a Juína, na segunda metade do século passado, onde cresceram. Pra somar na caminhada, apareceu Junior Cesar da Silva, um sobrinho praticamente adotado por sua mãe. Com o tempo, cada um seguiu rumos diferentes. A irmã, Roseli, saiu de casa assim que cresceu. O irmão Milton, igualmente, foi morar em Manaus, onde constituiu família. Junior, permaneceu em Juína, onde constituiu família. Ela – com 19 anos – e a mãe vieram para Castanheira, onde se estabeleceram na região do 3º Assentamento, no Vale do Seringal.
No lugar onde hoje reside, no chão do Sítio Nossa Senhora Aparecida, Eva conheceu aquele que seria seu esposo, Antônio de Oliveira, homem identificado com as lidas da terra. Do relacionamento nasceram Karoline, Karine e Toni Keven. Em todo este tempo, a vontade de conhecer o pai, se mantinha. E como toda história tem um “até que”, coube a filha do meio, Karine, resgatar as raízes, ao fazer contato com o tio, Paulo Squinzani, irmão de seu pai, residente em Formosa, Goiás.
Com as facilidades criadas pela internet, os primeiros encontros começaram a acontecer. A própria Karine rompeu a barreira do limite virtual, viajando para encontrar-se com o avô, em dezembro de 2020. Foi uma semana de conversas, atualizando as perdas do tempo, conhecendo outros familiares e vivendo emoções raras. Sua experiência começou a preparar caminho para um encontro de todos. Até que, infelizmente, João Flor teve um infarto, nesta semana, vindo a óbito.
Emocionada e tomada pela dor de não poder reencontrar o pai, depois de uma espera de décadas, Eva destaca que João chegou a ter uma segunda companheira, de nome Maria, falecida há cinco anos. As sobrinhas destas lhe deram acolhida carinhosa, após o luto. Os contatos com o primeiro núcleo familiar, restabelecidos há pouco mais de dois anos, criaram expectativas felizes, de ambas as partes, que não se concretizaram. Essa triste história, contudo, pelo menos teve um desfecho, facilitado em parte pelas redes sociais. Karine agradece a Deus por transcender a isto. Eva, lamenta por não ter tido tempo de olhar nos olhos de João Flor e lhe chamar de “Pai”. O registro foi feito, com lágrimas, no post de luto.