A Bíblia relata que quando os profetas anunciaram que em Belém nasceria o Salvador do Mundo, Jesus, uma pergunta ganhou força: poderia daquela pequena cidade sair alguma coisa boa? Pois a pequena Castanheira, no noroeste de Mato Grosso, tem gerado filhos especiais, fazendo um contraponto com as brincadeiras que algum fazem de que seria um bairro de Juína, cidade polo da região.
Queila de Oliveira Miranda, 28, é um bom exemplo. A filha de Iracema de Oliveira Miranda, funcionária pública há mais de 20 anos no município, seguiu a rota de muitos filhos da terra que saem em busca da concretização de sonhos. De família simples, porém de pessoas que ela define como “guerreiras e batalhadoras, gente que não mede esforços para vencer dificuldades”, foi para Tangará da Serra, levando nas mãos uma única mochila e no peito a vontade de vencer, até como uma forma de gratidão à luta de sua mãe.
Desde pequena Queila gostou de desenhar. Os professores da Escola Estadual Maria Quitéria, onde ela foi aluna e funcionária, percebiam esse talento. Daí a opção por Design de Moda na Unicesumar. Apreciadora também das letras, faz o 4º semestre de Letras na Unemat. Além do Maria Quitéria impulsionou seus conhecimentos o curso de RH pelo IFMT.
Como as histórias das pessoas que brilham sempre tem um evento atípico, para essa filha de Castanheira tudo começou quando assistiu uma entrevista, num canal de Televisão, com Marta Helena Cocco que, coincidentemente ou por um arranjo do destino, viria a ser sua professora em Teoria Literária.
Doutora em Letras-Linguística, escritora, ganhadora de vários prêmios literários, Marta comentou que tinha vários livros prontos, mas não ilustrados. Quando finalmente se encontraram como aluna e professora, Queila revelou a Marta que gostava muito de desenhar. Pronto! Nasceria uma parceria para o livro “Meu corpo é uma fabricazinha”, destinado ao público infantil, falando do corpo de uma forma divertida.
“Estou muito feliz, pois nunca imaginei que um dia isso seria possível, embora eu sempre sonhasse com algo assim. Mas, acreditava que esse sonho era grande demais para mim”, destaca Queila, referindo-se à possibilidade de ser ilustradora de obras literárias.
Voltando aos inícios, Queila destaca que o gosto pela pintura começou por volta dos 8 anos de idade. Com o tempo foi aperfeiçoando sua arte, aprendendo novas técnicas, mas sempre sozinha. “Nunca parei, pois é algo que me faz bem, me traz paz interior”. Versátil, em um poema recente ela descreve cada sensação que tem no momento da criação de alguma obra.
Muito antes desta projeção maior, porém, o trabalho de Queila já era conhecido entre amigos e pessoas próximas. Chegou a desenvolver vários projetos, inclusive para pessoas de sua pequena Castanheira, referência histórica de muitos talentos. Como o dela. Para ela a nossa moção de aplauso.
Em tempo: o livro com ilustrações de Queila será lançado no próximo dia 7 de setembro e será transmitido através de uma live, via facebook, pelo Sesc MT.