A obesidade é definida como excesso de gordura, e a sua medida, por muito tempo e por razões práticas, era feita pela avaliação do peso corporal, por meio de tabelas de peso ideal. Por volta dos anos 80, o peso ideal foi substituído pelo índice de massa corporal (IMC), que faz uma relação entre peso e altura, sendo uma avaliação mais acurada da obesidade. É considerado com sobrepeso o individuo com IMC de 25 a 30 e obeso o que tem IMC acima de 30. Mais recentemente, a circunferência abdominal tem sido agregada à avaliação de obesidade.
O excesso de gordura é amplamente reconhecido em todo o mundo como uma das principais ameaças à saúde, aumentando o risco de várias doenças crônicas como diabete tipo 2, doença cardiovascular e hipertensão arterial. A obesidade tem crescido de forma tão explosiva nas últimas duas décadas que vem sendo tratada como epidemia, e já existem estudos estimando um possível impacto desta epidemia num futuro próximo, não só sobre as doenças crônicas, mas também sobre a expectativa média de vida da população.
Uma pesquisa publicada na última semana na revista científica American Journal of Public Health examinou, em adultos, a associação entre a obesidade, avaliada pelo IMC, e o risco de morte por qualquer causa ou, especificamente, por doença cardiovascular. Os resultados foram produzidos a partir da avaliação de 16.868 pessoas de peso normal, com sobrepeso e obesas, por mais de uma década, nos Estados Unidos.
A análise estatística dos resultados da pesquisa demonstrou que a obesidade está associada a um aumento de 20% no risco de morte por qualquer causa ou por doença cardíaca, o que corresponde aos obesos morrerem em média 4 anos mais cedo do que os indivíduos de peso normal. Este risco aumenta quando são avaliados adultos obesos de 45 a 64 anos. Estes morrem 7 anos mais cedo quando comparados com adultos de peso normal da mesma faixa etária.
Estes resultados expõem o grande impacto que a recente epidemia de obesidade produz sobre o risco de mortalidade e morte prematura entre adultos. Este impacto tende a crescer num futuro próximo, pondo em risco, inclusive, o rápido crescimento da expectativa média de vida que tem-se verificado nas últimas décadas.
Agora, como nunca, a obesidade deve ser encarada como uma doença, pois, além de todos os prejuízos que traz aos seus portadores no presente, ameaça comprometer uma das principais conquistas da humanidade num futuro próximo, com a desaceleração do crescimento da expectativa média de vida.
Autor: Dr. Gilberto Sanvitto - ABC da Saúde