Morte de caminhoneiro expõe banalização da vida

A morte do caminhoneiro Dayvid Paulino de Moraes, 38, na tarde desta segunda feira, 28, em Juína, poderia ser mais um episódio da violência urbana que apresenta índices altíssimos na cidade polo da região noroeste de Mato Grosso. Um site local, contudo, registra um detalhe que pode não ser percebido pelas pessoas, ávidas, infelizmente, por assuntos do gênero: a tragédia foi causada por uma discussão fútil. 

Segundo apurado, Dayvid, residente em Várzea Grande, foi alvejado numa madeireira da cidade. O suspeito, identificado como Rubens Lopes Ferreira, conhecido por “Rubinho Chapeiro”, não teria gostado de ser chamado a atenção, por ter ingerido bebida alcoólica e estar trabalhando embriagado. Depois da abordagem foi para casa, retornando com uma arma, disparando várias vezes contra Dayvid, que veio a óbito depois de ser encaminhado para uma unidade hospitalar. 

De tudo que se possa concluir de mais um ato de violência na região noroeste, uma tendência geral chama a atenção: as pessoas cada vez mais dão menos valor a vida. Mata-se por qualquer coisa e, antes desta ação terminal, com o poder das mídias sociais, estimulam diversas formas de violência a partir de julgamentos nem sempre corretos de assuntos do cotidiano ou de questões que nem sempre tem as dimensões projetadas pelos que amam fomentar desavenças.  Uma mera brincadeira, por exemplo, pode ter consequências desastrosas, porque as pessoas tendem facilmente aos extremos. Se isto é fato, imaginem uma discussão?

Por conta desta banalização da vida, essa forma de violência, que exclui a vida por quaisquer razões, não tem produzido uma forma de indignação capaz de levar as pessoas as refletirem sobre suas raízes mais profundas, onde o esfriamento do amor, numa sociedade que cada vez mais se coisifica, certamente é o fator mais determinante. Ao contrário, tem gerado mais violência, em todas as suas matizes. 

Como disse Fagner,  a propósito do clássico “Calma Violência”, por ele interpretado, precisamos de mais fraternidade, para que vidas e mais vidas não sejam ceifadas por “questões banais”. Como teria acontecido com Dayvid Paulino de Moraes, que deixa amigos, esposa, filhos e uma história com desfecho jamais imaginado.