Todos os dias, segundo dados da Organização das Nações Unidas, com base em censos, morrem 102 pessoas por minuto, em todo planeta. Com isto, não existe um dia sem dor no mesmo planeta, numa dimensão profunda, pois a ruptura causada pela morte física quase sempre mexe com a estrutura emocional das pessoas.
Em três cenários diferentes isto foi real no último final de semana. A começar por Castanheira, onde uma jovem, de 20 anos, perdeu a vida, num acidente de carro, na tarde do sábado. “Ainda hoje falei com ela”, alguém deve ter dito de Ana Claudia, que até por volta das 16 horas ainda estava em Juína, de onde sairia, com o namorado, tendo o final de seus dias na pista da BR 174.
Que dor não deve ter sentido, também, a família de um médico em Sorriso, no nortão de Mato Grosso! E mais do que todos, ele. Na sexta, 24, no bairro Recanto dos Pássaros, ao dar marcha ré no seu veículo, não percebeu a presença do filho, de pouco mais de um ano de idade. Apesar de todos os esforços para salvar-lhe a vida, ele veio a óbito.
Em tempos de coronavírus, impossível não verificar, diariamente, a morte de muita gente. Algumas são próximas, a ponto de concluir-se que ao final da pandemia, dificilmente haverá alguém sem uma história de perda entre conhecidos ou mesmo familiares. Entre as que foram lamentadas das últimas horas, está a do prefeito de Alto Taquari, Fábio Garbugio. Diagnosticado com a doença na última quinta-feira, 23, morreu no domingo, 26.
Para todos os cenários das perdas nossas (diárias) de cada dia – mais de dois mil em cada 24 horas – discursos, homenagens, lembranças, com o tom inevitável da saudade. Deste último, por exemplo, do prefeito, a imprensa registra que “deixou um legado de lutas, sendo um exemplo de gestor”. De Ana e do pequeno garoto, certamente os lamentos incluíram o elemento da saudade.
Menos triste é que, se 102 pessoas morrem a cada minuto no planeta, outras 180 nascem no mesmo período. Pelo menos estatisticamente a vida supera a morte. Das duas emoções, contudo, a última, para os humanos, produz marcas mais profundas.