Luto: Morre grande parceiro da Nova Canaã

RESUMO DA NOTÍCIA

Um dos maiores parceiros do projeto da Nova Canaã, em Castanheira, morre, vitimado pela COVID 19. Médico, poeta, compositor, músico, presbítero da IPB, deixa um rastro de alegria e companheirismo. Um grande ser humano!
Vivaldo S. Melo

Em 10 de dezembro de 2020, Dr. Paulo de Tarso Stein Ribeiro, médico formado pela UNOESTE, filho de Campo Grande, casado com a também médica Dra. Tania Cristina Nassar Ribeiro, fez seu último registro nas redes sociais: “Acabei de receber um resultado positivo para COVID 19. Peço aos amigos que orem por mim e por minha esposa, que também está com teste positivo. Vamos de cabeça erguida, encarar mais essa batalha. Deus não nos dá uma cruz maior que a nossa capacidade de carrega-la. Sei também que ninguém ficará para semente”. Na manhã deste sábado, 02, por volta das 12 horas, Dra. Tania mandou um recado para amigos e familiares: “Paulo faleceu”. Ele estava internado no Hospital do Coração, na capital do MS. 

Deste médico, apreciador de um bom churrasco, da música sertaneja de raiz – especialmente o chamamé – há muito pra se dizer. De seu amor pela música, por exemplo, nasceram alguns clássicos da música regional de Mato Grosso do Sul como “Ciúme Bobo”, que chegou a primeiro lugar nas paradas de sucesso,  “Orgulho sul-matogrossense”, incluído no projeto do centenário de Campo Grande,  e “Roda de Tereré”, que foi trilha de reportagem do Fantástico sobre esse hábito pantaneiro. Neste segmento, tinha entre os amigos Michel Teló, Almir Sater, Tostão e Guaraní, Marlon Maciel e Gerson. 

Com a esposa, Dra. Tania, construiu uma história digna dos bons filmes de romance. “O conheci quando tinha 15 anos e desde então nunca mais fiz nada sem ele”, diz ela. Da relação, que inclui capítulos em vários cenários, como na pequenina Bandeirantes, MS, onde o pai, militar, já falecido, é lembrado pelo pioneirismo, nasceram três filhos. Na medicina atuou, além de Mato Grosso do Sul, em Mato Grosso, na cidade interiorana de Comodoro  e São Paulo, em Itanhaém.

Homem de fé, chegou a ser presbítero na Igreja Presbiteriana do Brasil antes de deixar o país para uma das etapas de estudos. Costumava colocar Deus em tudo o que fazia. Ao pressentir que o estado de saúde caminhava para um estágio difícil, reagia com a postura comum a todos que acreditam que a realidade do aqui e do agora é passageira. E que existe uma realidade melhor, a ser vivenciada, quando as lutas por aqui cessarem, sem as dores e os limites que nos acompanham. 

Deixa os filhos Miriam, que segue seus passos, cursando medicina,  Paulo e Walter. A mãe, Dona Naida Stein Ribeiro, de tradicional família douradense, foi uma de suas grandes referências das virtudes próprias dos que têm em Cristo a maior referência para a vida e para a morte. Sim, pois na perspectiva do apóstolo Paulo, é o último inimigo terreno a ser vencido pelos viventes. Dr. Paulo, médico, esposo, pai, bom filho, grande amigo, poeta, compositor, musico,  chamamezeiro, amigo raro, que Goethe colocaria na dimensão das pessoas  imprescindíveis,  não venceu a batalha contra a Covid na realidade do aqui e do agora, mas venceu uma batalha maior, de triunfar sobre a morte numa dimensão mais elevada.

Em nota publicada nas redes sociais, o filho Paulo Germiniano relata que seu pai lutou até suas últimas forças e que tudo o que a Medicina poderia ter feito, foi realizado. "Mas nós servimos a um Deus soberano, e entendemos que todas as coisas tem seu tempo determinado para acontecer, e se essa foi a vontade de Deus, nós aceiramos e agradecemos pelo privilégio de ter tido um homem maravilhoso como ele em nossas vidas", diz o texto. 

Em Castanheira e Juína

A pouco mais de cinco anos, quando uma pequena comunidade de cristãos começou o projeto da Nova Canaã, em Castanheira, Dr. Paulo se apresentou como um dos maiores parceiros. Além de contribuir para a construção da estrutura da instituição, esteve pessoalmente em Castanheira para fazer a entrega de toda a aparelhagem de multimídia da Igreja: caixas de som, suportes, data show, telão, microfones e outros. 

No estádio municipal chegou a fazer, com o filho Paulinho, um evento musical, quando algumas de suas canções foram apreciadas por um grupo de amigos da comunidade. Chegou a interpretar "Chalana" com o castanheirense Leandro Tenório. Deixa entre os membros uma grande saudade, pois irradiou alegria nos momentos passados na cidade. 

Nas conversas sobre seu velho pai, Germiniano Ribeiro, já falecido, costumava lembrar do tempo em que estiveram em Juína, quando um projeto do governo incentivou a fixação de famílias na região. Seu pai fez parte da equipe de trabalho composta por militares. “A coisa mais comum era encontrarmos onças no caminho”, lembrava.