Luto: Castanheira despede-se de “Seo” Geni

Um homem de família. Assim foi Geni Alves Batista, mineiro de Lagoas, mais um personagem dos tempos remotos de Castanheira que encerra sua página na história. Ele faleceu às 08h desta terça-feira, 03, no Pronto Atendimento da cidade, tendo ao lado a filha Sandra Alves Batista, testemunha, com os outros onze irmãos, de uma trajetória que dificilmente será esquecida.

“Seo” Geni chegou a Castanheira em 1987, seguindo a trilha de muitos pioneiros, que antes de chegarem a terra então conhecida especialmente pela Madeireira Rezzieri, viveram um tempo em Tangará da Serra. No seu caso, foram 10 anos. Por aqui foi, literalmente, um plantador de sonhos, porque na medida que lançava sementes nas lidas diárias do campo, motivava, com o bom exemplo, os filhos e depois os netos a lutarem por seus ideais.

“Meu pai era nosso exemplo de vida. Só temos a agradecer por tudo que fez”, fala pelos irmãos Antônia Alves Batista. “É difícil dizer alguma coisa, diante do tanto que ele significa!”, destaca a neta Flávia Mendes dos Santos.  Na medida em que se reúnem para as despedidas, cada um tem algo pra dizer. “Foi meu segundo pai!”, diz, sob emoção, o genro Alessandro de Oliveira. Para o filho mais velho, Nilson Alves Batista, o velho pai, que viveu 84 anos, deixa o exemplo de um homem honesto e batalhador, trabalhando dia e noite para sustentar os filhos. “Foi meu avô e pai”, lamenta o neto Roberto Carlos Alves dos Santos. 

A história deste pioneiro pode ser dividida em três capítulos no município de Castanheira. Teve o tempo da chegada, quando trabalhou como “pozeiro”, transportando pó de serra em carriolas, na antiga Rezzieri. Depois, voltou às origens dos tempos de Minas, trabalhando na roça, no Sítio Duas Irmãs, no 1º Assentamento, onde residiu por 17 anos. Ultimamente tinha sua terrinha no Assentamento São Sebastião, onde mantinha a rotina de um bom lavrador. 

Como toda história tem fragmentos, deixou marcas do seu trabalho em duas construções específicas: do Hospital do Dr. Jorge, onde hoje funciona a Prefeitura Municipal, e da imponente residência do saudoso Elizeu Rezzieri, ainda hoje vista no alto de uma colina, nos arredores da cidade.  Até seis meses atrás, nunca tinha adoecido, sendo encontrado sempre muito alegre, a manejar a enxada, lida que mais gostava, na terra onde deixou suas últimas pegadas. Após queixar-se de dores na cabeça, foi levado para exames em Juína, onde detectou-se um câncer. “Não contamos, ele faleceu sem saber da enfermidade”, observa Antônia Alves. 

Segundo os filhos, o sepultamento acontecerá às 9 horas desta quarta-feira, no Cemitério Bom Jesus, com o féretro saindo da Casa da Saudade, no centro da cidade. Deixa a esposa, Maria Alves dos Santos, 11 filhos – uma filha é falecida –, 33 netos e 4 bisnetos. Em vida costumava reunir os familiares e amigos, no Sítio, para desfrutarem de uma mesa sempre farta e de boas prosas que agora já repercutem na forma de saudade.