Lições amargas do final de uma novela

Vejo as cenas finais envolvendo dois personagens da novela “A Dona do Pedaço”, sob uma ótica diferente de muitos que estão se manifestando nas redes sociais. Pensei duas vezes antes de escrever o que penso. Mas, vamos lá! Quanto a Fabiana virar “matadora de aluguel” e rezar após cada serviço executado, lembrando suas raízes num convento, me faz lembrar a prática equivocada de muitos em usar o nome de Deus, frequentar a Igreja e fazer suas preces como uma forma de achar que com isto podem comprar os favores divinos. Não acredito que os líderes da Igreja Católica aprovam essa postura. Claro que não! Sobre Josiane ter se convertido, a partir de um projeto evangélico, dentro da prisão, e usado um falso arrependimento para atenuar penas, ninguém é ingênuo de imaginar que todas as “conversões” que acontecem a partir de trabalhos evangelísticos dentro dos presídios são verdadeiras. Por mais que seja duro (e até revoltante) ver o que se viu no último capítulo da novela em menção, interpreto esses dois cenários como uma parábola amarga de dois tipos de lobos que povoam o universo da fé cristã. Existem outros, muitos outros, mas no caso específico da trama da Rede Globo esses são mais fortes. Quanto ao movimento intenso contra essa rede televisiva, não vejo um correspondente em relação aos outros lixos que tentam entrar dentro dos nossos lares, alguns alimentando a criação de impérios por certos pastores “em nome de Jesus” (o que é tão sério quanto!). Penso que é preciso sabedoria para reter o que é bom e rejeitar o que é mau em todos os cenários, porque bem e mal estão em todos eles. Desenhando: estão em todas as redes de televisão, excetuando aquelas que dedicam-se exclusivamente a fé cristã, com leituras específicas, como Canção Nova e Novo Tempo. Ignorar essa realidade é criar um mundo paralelo, quando somos chamados, biblicamente, a fazer diferença com toda sabedoria do Alto, neste, onde vivemos e nos movemos, criado por Deus, e onde as marcas do pecado estão em todos os lugares. 

Vivaldo S. Melo