Por Marileide Antunes de Oliveira (Juína-MT)
Já é rotineira a prática de criar conflitos de diversas naturezas utilizando as redes sociais. A sociedade experiência níveis nunca antes vistos de desenvolvimento tecnológico, tornando cada vez mais tênue a linha que divide o real e o virtual. Apesar disso, o domínio humano no uso dessas tecnologias parece não estar ocorrendo no mesmo ritmo, produzindo, como uma das consequências negativas disso, uma avalanche de descarga emocional de todo e qualquer tipo de descontentamento por meio das redes.
Embora a ideia por trás dessas tecnologias tenha sido facilitar o dia-a-dia das pessoas e aproximá-las, o que se vê é, ao contrário, um aumento nos conflitos iniciados e mantidos pelo uso das redes sociais. A rede de streaming Netflix lançou um documentário intitulado “O Dilema das Redes” que mostra, dentre outras questões, como conflitos de naturezas étnica, religiosa, entre outros, podem ter como base a manipulação perpetrada por grupos radicais ou mesmo entidades governamentais utilizando as redes sociais.
Vale dizer que os conflitos são inerentes às interações humanas. No entanto, eles passam a ser um problema quando não são adequadamente manejados, pois podem trazer sérios prejuízos à convivência social. A psicologia possui muitas ferramentas cientificamente validadas para se compreender e lidar adequadamente com os conflitos. Nesse texto, enfatiza-se a área do conhecimento em psicologia conhecida como inteligência emocional.
O conceito de quociente intelectual (QI) é amplamente difundido no campo da psicologia e se refere a uma medida associada ao desempenho acadêmico. O estudo do QI e o desenvolvimento de testes de inteligência foi crucial para que a psicologia se consolidasse como campo aplicado do conhecimento. Apenas por volta da década de 80 é que o conceito de inteligência emocional, difundido por meio dos trabalhos de Howard Gardner, começou a ser estudado no Brasil. Isso porque o QI esteve, por muito tempo, atrelado à ideia de sucesso em diversas áreas da vida, até que a ciência passou a compreender melhor o papel das emoções no comportamento humano.
O conceito de inteligência emocional tornou-se popular no mundo todo com o trabalho de Daniel Goleman, “Inteligência Emocional”. Nessa obra, o autor descreve as bases biológicas das emoções, abordando como elas afetam o dia-a-dia das pessoas em várias áreas da vida como, por exemplo, no casamento, na educação dos filhos, nas relações de trabalho, entre outras, e propondo um programa de ensino de Inteligência emocional voltado aos sistemas de educação.
Daniel Goleman define a inteligência emocional como um conjunto de quatro habilidades predominantes: (1) o autoconhecimento, (2) o autocontrole, (3) a consciência social e (4) os relacionamentos interpessoais. O autoconhecimento se refere a ter uma ideia clara dos nossos propósitos, valores, fortalezas e limitações como indivíduo. No autocontrole, espera-se que saibamos fazer escolhas que prezam pelos ganhos consistentes e significativos em longo prazo, em oposição aos ganhos mínimos e imediatos no curto prazo. A consciência social se refere à nossa habilidade de se sentir pertencente a uma comunidade e a trabalhar em prol do coletivo. Por fim, a habilidade de nos relacionarmos com outras pessoas diz respeito a maneira como nos comunicamos, alcançamos nossos objetivos ao mesmo tempo em que ajudamos o outro a alcançar os dele.
Atualmente, a inteligência emocional é considerada peça fundamental para que os indivíduos aprendam a reconhecer e a lidar melhor com as próprias emoções, bem como a reconhecer e a manejar as emoções de outras pessoas. Sendo essa a base de grande parte dos conflitos entre pessoas, torna-se importante que os indivíduos de auto-monitorem com relação às suas habilidades de desenvolver inteligência emocional e, ao mesmo tempo, evitar conflitos. A psicologia oferece muitas ferramentas para que os indivíduos se tornem aptos a compreender e a lidar com as emoções. No médio e longo prazos, isso pode proporcionar condições para que as pessoas vivam e convivam melhor umas com as outras.
Livros e sites consultados
Goleman, D. (2012). Inteligência emocional. São Paulo: Objetiva.