O ano de emancipação de Castanheira, 1988, marca a chegada, ao município, do filho de Januária, Minas, Joaquim Soares Neves, trazendo consigo a esposa, Joana Darc, e os filhos Cleverson, então com 08 anos, Rodrigo, com 10 e Débora, com 15.
Quem busca referencias de pioneirismos no município, mesmo já tendo, naquela época, avançado em algumas áreas entre o tempo de colonização, distrito e emancipação, o reverencia como pioneiro no transporte de leite. Foi o primeiro freteiro ou fretejador do recém instalado Multibom, depois Farfalla e hoje Princesa e posteriormente do Lacticínios Casterleite.
Homem sempre alegre, destes que mesmo nos momentos difíceis, como na recente internação em Juína, gostava de uma boa prosa e de uma boa piada, viveu parte de sua história transportando leite e pessoas, incluindo alunos de uma das linhas do Vale do Seringal, e passageiros da cidade para aquela região.
Por amar o que fazia, se entregando de corpo e alma e ser, muitas vezes, o primeiro a sair e o último a chegar, nos tempos do transporte de leite ganhou um apelido que por sua história ganha o sentido de um elogio. Era o “Cara Lerda”, expressão usada exatamente como forma de zoar dos que não se entregavam como ele.
Joaquim morreu nesta quarta feira, por volta das 13 horas, em Juina, depois de várias paradas cardíacas e a pouco tempo antes de ser encaminhado para uma UTI. Talvez por isto deixou aquela sensação de impotência entre os que acompanhavam a informação de que fora internado.
“Mais um pouco e talvez não tivesse partido”, destaca um dos filhos, embora consciente de que a gente uma hora vai e que tudo tem o seu tempo determinado debaixo do céu.
Das muitas histórias contadas pelos filhos, destaca-se a lembrança de como o pai chegou a Castanheira. Veio influenciado por um tio, conhecido por “Tinu”, que veio conhecer a região, gostou, mas... não ficou! Joaquim, desde a primeira olhada, concluiu, contudo, que aqui era o lugar de um novo tempo.
Na profissão, influenciou o filho Rodrigo, hoje com 43 anos, que em 1º de abril de 2005 começou a transportar leite, ajudado pelo pai. Até hoje o faz, para o Lacticínios Casterleite, do empresário Lenoir Maria.
Dos relacionamentos, fez muitos amigos. Um deles, de forma curiosa, chegou a Castanheira sem se conhecerem, no mesmo dia, do mesmo Estado, Minas, e se estabeleceram na mesma vizinhança, próximo a morada de Zé Albino. Fernando Armondes, 44, o tem como alguém diferenciado. Entre uma emoção e outra observa que “só de nos aguentar em tanto tempo, sem nunca perder a calma e o bom humor já revela como era alguém especial”.
Na Casa da Saudade o tempo de despedidas deve ser estender até a tarde desta quinta-feira, 08, feriado. Até lá não faltará o compartilhar de lembranças entre familiares e amigos numa espera que já tem o jeito de saudade.