Ouvir mais, falar menos...

Vivaldo S. Melo

No clássico “Dias Melhores”, a banda J. Quest canta a expectativa que temos de dias melhores “em tudo” e singulariza algumas situações como “melhores na dor”. 

E não é que foi necessário o avanço de um vírus sobre o mundo, ganhando a forma de pandemia, o coronavírus, para que descobríssemos que precisamos aprender muito na hora da dor? 

Citar exemplos demandaria um textão. Como as pessoas não estão com paciência nesses dias, basta-nos o exemplo das bobagens que falamos no entorno do assunto, em redes sociais, podendo exercer um poder malévolo de convencer pessoas ingênuas a verdades que não são verdades.

Fala-se de tudo, invocando-se muitas vezes como base do falar, as chamadas fakes News, autoridades duvidosas e até a opinião da Dona Maria Curandeira, quando o assunto é indicar uma solução para uma doença, num cenário onde nem os mais renomados cientistas conseguem, ainda, dar um parecer conclusivo.

Nos primórdios da humanidade, o patriarca bíblico Jó, depois de seu drama, de ouvir muitas dessas vozes discordantes e de ouvir alguém sábio – sempre tem alguém – que só falou depois de muito ouvir, desabafou: “Na verdade falei do que não sabia!”. 

Quem conhece o drama de Jó sabe que, por ignorância ou desconhecimento ou talvez por conta de sua aflição, ele verbalizou pensamentos equivocados. 

Asafe, outro personagem bíblico muito conhecido, diante de um cenário em que Deus parecia não intervir, disse, na sua aflição, “Deus mudou a sua destra! ”. Ou seja, mudou o seu jeito de agir, neste caso não agindo. Depois reconhece que falou bobagens por conta de sua aflição.

Você sabe o que fala? Conhece todos os fatos? Conhece toda a verdade? Sobre quaisquer assuntos que estão em evidência na atualidade? Se a resposta a essas indagações for “não” seja sábio: cale-se! Lembre-se que talvez pela importância de ouvir mais e falar menos Deus, ao nos criar, dotou-nos de dois ouvidos e apenas uma boca.