Energia elétrica: por que pagamos caro?

De Boa Vista em Roraima até Paraisópolis em São Paulo, o Brasil todo depende de energia elétrica.  Hoje 97,8% das residências possuem luz elétrica. E para usufruir dessa energia o brasileiro tem que pagar todo mês a tão odiada conta de luz. 

Mas o que faz o preço da conta de luz ser tão alto para os brasileiros? 

Para entender esse porquê, precisamos entender como funciona a geração de energia. No Brasil a principal fonte de energia são as hidrelétricas.  E como temos hidrelétricas nesse país. Atualmente o Brasil possui 173 hidrelétricas e 392 pequenas centrais elétricas, que produzem 84% da energia do País. 

Mas não basta gerar a energia. Ela precisa chegar na sua casa. E para isso, existe o sistema de transmissão, que transporta a energia das usinas para as distribuidoras situadas em cada cidade. Estas distribuidoras funcionam como um supermercado que recebe os produtos dos fabricantes e vendem para os consumidores. 

Assim o preço da sua conta de luz é um somatório de serviços. Tem o serviço de geração de energia, o de transmissão, o de distribuição e ainda as tarifas e impostos que o governo coloca sobre estes serviços.

Para entender melhor a situação da energia no Brasil, e descobrir o que podemos fazer para melhorá-la, o TCU resolveu analisar de uma só vez todos os processos que estão no tribunal e que tratam deste tema.

Ao estudar estes processos conseguimos detectar alguns problemas que impactaram negativamente na oferta de energia, na eficiência do consumo e por consequência nas tarifas. São eles:

1 – problemas relativos ao planejamento de investimentos na geração de energia – a quantidade de energia nova inserida dentro do sistema elétrico tem sido sistematicamente inferior ao que os órgão competentes dizem ser necessário;

2 – atraso na entrega de obras de geração e transmissão de energia elétrica – nos empreendimentos para geração de energia, mais de 75% das obras de hidrelétricas e termelétricas do país encontram-se atrasadas; já no transporte de energia, constatamos o atraso na entrega de mais de 80% das obras de linhas de transmissão;

3 - elevado nível de perdas elétricas no sistema – 13,2% da energia é perdida entre a geração e a disponibilização para o consumidor. No Chile a perda é de apenas 6% e na Europa 7%. Toda esta energia desperdiçada dá para abastecer todo o estado do Paraná;

4 - redução de preço da tarifa – o problema aqui detectado é que a tarifa de energia foi reduzida num período em que houve pouca chuva e por consequência não se conseguiu gerar energia suficiente. Mas com a diminuição da tarifa o consumidor achou que poderia gastar mais energia quando na verdade deveria economizá-la. 

Vale lembrar que o baixo nível dos reservatórios hidroelétricos não foi exclusivamente por conta de um período de poucas chuvas. O TCU, em muitas fiscalizações, já havia apontado diversos problemas estruturais no setor elétrico que ocasionam diminuição da oferta de energia e aumento do desperdício energético.

Fonte: Portal do TCU