O 11 de outubro de 2020 cai neste domingo. Se fosse em outro dia, em Mato Grosso do Sul seria feriado, por conta da data histórica da divisão do Estado de Mato Grosso, neste dia, em 1977, pela Lei Complementar nº 31, sancionada pelo então presidente da República Ernesto Geisel.
Inicialmente vista como sofrida pelos de cá e comemorada pelo de lá, a divisão, na avaliação do jornalista Valfrido Silva, irmão de Vivaldo Silva, hoje residente em Castanheira, foi “um grande equívoco”.
Valfrido, hoje residente em Dourados, no MS, conhece como poucos a história da divisão, envolta em intensas polêmicas, pois já militava na imprensa antes da divisão e depois nos dois cenários, trabalhando em diversas assessorias, como correspondente de jornais como Folha de Londrina e Folha de São Paulo e como diretor de jornalismo da TV Morena, afiliada da Rede Globo e co-irmã da TV Centro América.
Autor do livro “Sonhos e Pesadelos”, sobre o ato, esteve presente em Brasília. Destaca que passados esses anos – hoje 43 – inverteu-se o arraigado conceito da indolência cuiabana e adjacências, já que Mato Grosso vem quebrando seguidos recordes de produtividade, com uma maior diversificação de culturas e melhor aproveitamento de seu potencial turístico.
À época da divisão muitos temiam o esvaziamento completo do Norte de Mato Grosso. De Diamantino para cima, na BR-163, não havia um único município. Sinop e Alta Floresta, por exemplo, eram projetos de colonização e Juína sequer existia. Aripuanã já era município, mas a prefeitura não funcionava lá e sim em Cuiabá, pois não havia condições.
Naquele momento, o melhor desenvolvimento do Estado estava no vale do Araguaia, nas regiões de Barra do Garças, Nova Xavantina, Água Boa e Canarana”, lembra o jornalista Onofre Ribeiro, também testemunha ocular da separação do Estado. Na época da divisão de Mato Grosso, ele trabalhava na secretaria de comunicação do Estado.
Em 1979, lembra Onofre, Mato Grosso nascia como um Estado remanescente, numa imensa pobreza, cujas únicas proteções eram os recursos federais para custeio e investimento previstos na Lei Complementar, que logo cessaram devido à crise do petróleo de 1983.
“Mato Grosso achou o seu caminho sozinho. Esse mérito se deve aos investimentos públicos feitos em infraestrutura até por volta de 1986, ao empreendedorismo dos mato-grossenses e às imensas potencialidades do estado”, diz.
Para Onofre Ribeiro, a separação, que poderia ter sufocado Mato Grosso, acabou produzindo um efeito oposto: foi muito boa para o Estado. “O que ficou mesmo de bom, aliás, de muito bom, foi o tanto que Mato Grosso deslanchou depois da separação da região Sul, cujo raio de influência ficava em Campo Grande, arquirrival e inimiga de Cuiabá por muito tempo.
Outra divisão
A divisão de Mato Grosso e a criação do Mato Grosso do Sul, embora mais traumática, não foi a primeira do Estado. Em 1943, Mato Grosso já havia sido separado, dando origem ao território de Guaporé – atual Estado de Rondônia.