“A única diversão que existe. Se fechar, acabou!”. A opinião de um frequentador do “Espetinho do Créu”, na entrada de Castanheira, resume o que significa para muitos um dos espaços mais frequentados da região, de segunda a segunda, de janeiro a janeiro. Seu proprietário, o João Francisco Hertel, popular “Créu”, é um paranaense de Francisco Beltrão, criado em terras guaranis, nas proximidades de Mundo Novo e Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, e Guaira, no Paraná, no lugar denominado Katuetê, no departamento de Canindeyu, hoje tendo algo em torno de 17 mil habitantes.
Créu chegou em Castanheira em 1986, no meio de uma leva de 30 famílias, a maioria de ascendência alemã, que se distribuiu entre a terra da grande árvore, Juína, Brasnorte, Campo Novo e até Coselvan.
Como muitos que vieram para o noroeste de Mato Grosso, na segunda metade do século passado, buscava o sonho de uma vida melhor. Como todos, experimentou limites só suportados por pessoas determinadas, numa saga que incluiu, no seu caso, residir em carroceria de caminhão e até numa Borracharia abandonada.
O começo...
O começo...
Trabalhador, começou onde muitos começaram, na empresa Rezzieri, no Mercado Cassol, como um faz-tudo, sob o olhar carinhoso de Zilda Stangherlin, a qual chama de mãe, e num segundo momento como motorista. Com Giba, foram 18 anos de trabalho, até deslocar-se para Aripuanã, onde abriu seu próprio negócio, no setor de madeira, fechado pelo Ibama. “Fali, mas não desisti”, diz, descrevendo seu retorno a Castanheira, seis anos depois, onde a luta por ficar incluiu lidas de pedreiro e em Laticínio. Para acalentar a alma nos embates pela sobrevivência, veio a conhecer Vera Lucia Dias Pereira, com a qual passou a dividir tristezas e alegrias.
Durante todo este tempo, alimentava dois sonhos atrelados e nascidos em tempos distintos: quando criança, aos 7 anos, ao visitar um estúdio de Rádio no Paraná e tempos depois em Mato Grosso do Sul, ao visitar um ambiente onde tinha música ao vivo. E foi em Castanheira, com 48 anos, que isto começou a acontecer, em um lugar onde o churrasquinho era o carro chefe. Depois, veio a oportunidade de fazer, no próprio local, um programa radiofônico ao vivo, na Transamérica Hits (Hoje Rádio Massa), tendo como uma das atrações o quadro “Caça Talentos”. É ali, até hoje, onde João “Créu” Francisco Hertel é encontrado, no meio de pessoas simples, servindo não apenas churrasquinho, mas uma variedade que vai de porções a marmitas e onde qualquer transeunte pode ser socorrido quando a fome ou a sede apertam.
O espaço, que começou como um simples ponto de churrasquinho, na calçada do Rimafra, já foi “Criativo Churrasquinho”. Quando a música “Dança do Créu” ganhou as paradas, em 2007, passou a ser Créu. Das muitas lições de vida, gosta de destacar uma: não classificar pessoas, respeitando todas. “Isto vem de berço”, conclui.