Corona Vírus: "Tereré" compartilhado deve ser evitado, diz médico ao Innovare News

Com o propósito de ouvir quem entende de duas áreas, medicina e cultura, o Innovare News contactou o médico Dr. Paulo de Tarso Stein Ribeiro, casado com a médica Dra. Tania Cristina Nassar Ribeiro, residente em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a propósito do avanço do Covid-19 (corona vírus) e do perigo que ele representa para quem toma tereré. Também compositor, músico e intérprete, Dr. Paulo é autor de um hit sobre o tema, a canção “Roda de Tereré”. Ele já esteve em Castanheira, onde foi parceiro do projeto de construção da Capela da Nova Canaã. 

Innovare News – Dr. Paulo. O ministro da Saúde, o médico sul-matogrossense Luiz Henrique Mandetta, recomendou, a propósito do corona vírus que os brasileiros evitem bebidas tradicionais como o tereré. Em Castanheira muitos são apreciadores deste “chá gelado” como alguns gostam de chamar. Como lidar com isto?

Dr. Paulo – Embora seja um produto que conecta com o nosso Estado, é triste dizer que realmente ele é contra-indicado neste momento, por ser um instrumento compartilhado. 

Innovare News – Explique de forma bem simples para as pessoas entenderem.

Dr. Paulo – O vírus em menção é altamente contagioso. Ora, se o simples gesto de alguém cumprimentar alguém com um aperto de mão já representa um alto risco de transmissão, imagine o compartilhar de algo que corre de boca em boca, onde ficam secreções que podem conter o vírus. Aliás, a Organização Mundial de Saúde, OMS, recomenda, neste momento, que as pessoas evitem até de ficar próximas, como em filas de banco, no transporte público, etc. É importante observar uma certa distância.

Innovare News – Castanheira, que o Senhor conhece, está no mapa de risco do Corona vírus?

Dr. Paulo – Quanto mais para o interior do país, menos perigo, pois dificilmente as pessoas tem contato com pessoas que tem alguma relação com as regiões mais afetadas, como a China e Itália. Mas, é preciso, mesmo assim, tomar as medidas de segurança.

Innovare News – Que medidas são essas?

Dr. Paulo – Evitar-se o contato com pessoas assintomáticas, considerando-se que elas podem estar transmitindo o vírus mais do que se esperava até agora; lavar as mãos exaustivamente durante o dia (quantas vezes puder); se puder usar álcool gel; isolar pessoas assintomáticas que estejam no núcleo de convivência, mesmo as que estejam com uma simples gripe, sugerindo o repouso e que fique em observação. Neste caso é preciso o uso de máscara para evitar o contágio.

Innovare News – Voltando ao tereré. O que fazer, na prática, pois trata-se de um hábito incorporado a cultura castanheirense.

Dr. Paulo – Por mais duro que seja o conselho, o tereré tem que ser eliminado neste período, na forma compartilhada. Sei que é um costume toma-lo em rodas, daí minha música “Roda de Tereré”, mas no momento deve-se fazê-lo de forma unitária. Contudo, é possível manter a roda de tereré, desde que cada um tenha o seu copo e a sua bomba. 

Innovare News – Sobre o corona vírus, de maneira geral, o que pode acrescentar?

Dr. Paulo – Tem muita especulação sobre o assunto. Muita informação desencontrada. Não existe, ainda, precisão sobre o tema. O que temos de seguro? Trata-se de um vírus de alta letalidade, especialmente em relação aos idosos. É verdade que não assusta tanto quanto o H1N1, mas assusta porque nos casos graves, o paciente precisa ser internado com urgência numa UTI. Existe falta de UTI’s Brasil afora. Elas estão lotadas. Daí a grande preocupação das autoridades. 

Sintomas

A Secretaria de Saúde de Castanheira, atenta ao cenário mundial sobre o avanço do Covid-19, destaca a importância de as pessoas estarem atentas aos seguintes sinais: febre alta, tosse seca, dificuldade para respirar, cansaço, fadiga e diarreia. “Vamos estar atentos. A qualquer indício, é preciso procurar uma unidade de saúde do município”, destaca Ivania Tigre, titular da pasta.