As medidas do mais recente decreto do executivo castanheirense, mantendo o fechamento de algumas modalidades de serviços, mas abrindo outras em relação aos decretos anteriores – como empresas de materiais de construção e de venda de produtos veterinários – obviamente não agradaram. A reação, porém, transcende a Castanheira, pois os prefeitos Brasil afora estão vivendo o dilema entre permitir ou não a atividade produtiva ou buscar um meio termo entre as duas ações diante da pandemia em curso do COVID-19.
Em Castanheira, na verdade, as decisões resultam de um Comitê de Enfrentamento, com participação de várias pessoas, que decide os rumos das ações relacionadas ao novo corovonavírus. E mesmo as decisões deste grupo precisam levar em conta o que a Promotoria orienta fazer. No Comitê, em si, as discussões são democráticas. Apuramos que tem até quem defenda a abertura total do comércio. Onde, hoje, se consegue unanimidade sobre o tema? Em lugar nenhum!
Um dos itens mais complexos de toda discussão é o do isolamento, embasado no slogan “fique em casa”. Não há concordância entre os próprios especialistas em saúde. No âmbito maior, que influencia decisões locais, também não existe unanimidade. O Presidente da República tem opinião não afinada cem por cento com o que pensa o Ministro da Saúde. E existe o agravante do assunto estar sendo explorado político-partidariamente, o que já se esperava, em se tratando de Brasil.
Como no poema do Drummond, se pergunta: E agora José? Os perigos do vírus, que tem elementos diferenciados em relação a outros, como uma alta letalidade diária em alguns países, ainda existem. Negar isto é ignorância. Mas, o isolamento social é realmente a melhor medida? Tem especialistas que dizem "sim". Mas tem pareceres contrários. Entre eles, o nível de respeito, porém, prevalece. Entre pessoas comuns, que nas redes sociais falam como se fossem conhecedoras dos meandros mais profundos do assunto, porém, é baixaria o tempo todo.
Diante de realidade tão complexa uma verdade, contudo, poderia estabelecer um mínimo de unidade, conforme opina um leitor: "se o povo fosse educado nas questões de comportamento, tudo poderia ser diferente". Ele lembra uma imagem recente, projetando uma fila de supermercado nos EUA, com todos numa distância recomendável.
Por aqui, no entanto, poucos obedecem aos padrões recomendados em protocolo universal sobre pandemias. Nas filas existem atropelo, os ajuntamentos são comuns, poucos observam as medidas de higiene, etc. E o mais triste: o povo continua fazendo festa, conforme recebemos várias denúncias. Assim, com isolamento ou sem isolamento, com todo comércio fechado, em parte ou todo aberto, ninguém vai conseguir conter a possibilidade de avanço da doença em Castanheira. Por isto, vamos torcer para que ela não dê as caras entre nós.
Vivaldo S. Melo
Vivaldo S. Melo