BR 174: cargas em excesso detonam pontes e pistas

Pontes quebradas, caminhões tombados, ônibus atolados, águas por todos os lados. Essas e outras cenas, que projetam negativamente a região noroeste de Mato Grosso, nas últimas semanas, a partir da BR 174, e que se repetem nos últimos anos, resultam de uma série de fatores.

Enquanto a pavimentação asfáltica não acontece, mais por entraves burocráticos do que pela falta de recursos, algumas questões precisam ser enfrentadas, segundo leitores ouvidos pelo Innovare News. Uma delas tem relação com o transporte de cargas. 

Uma autoridade de Castanheira, que prefere não se identificar, alerta para o transporte de cargas acima do limite da capacidade, especialmente de caminhões que transportam toras, como um fator que justifica a operação de fiscalização do Dnit, que deve ter início nos próximos dias. 

“Não existe fiscalização, as balanças que existiam em tempos passados foram retiradas, e há um claro abuso de muitos veículos de transporte, alguns com cargas que certamente chegam ao dobro do permitido”, destaca.

 “Não há ponte e nem asfalto que aguentem, quando as águas da chuva se tornam intensas. O trecho entre Castanheira e Juína tem sido detonado por esses veículos, sem fiscalização continuará como um queijo suíço em grande parte do ano, não adiantando nenhuma operação tapa buracos”, diz. 

Outro leitor, que apoia a fiscalização pelo mesmo motivo, argumenta que Castanheira não tem impacto com a medida, porque não se explora mais a retirada de madeiras na região e as cargas de boi vivo obedecem os limites estabelecidos pela lei. 

Um especialista ouvido pelo Innovare lembra que o transporte de carga acima do limite, traz vários problemas,  entre eles a dificuldade na hora de guiar, principalmente em curvas e manobras mais delicadas em dias chuvosos, podendo provocar desiquilíbrio do veículo e o consequente tombamento, causando perda da carga e colocando vidas em risco.

Estudo realizado sobre o tema destaca que o excesso de cargas é um dos motivos que fazem a profissão de caminhoneiro ter um dos maiores índices de mortes no Brasil. Com a perda de estabilidade de um caminhão, a capacidade de frenagem e até mesmo a aderência dos pneus à pista ficam comprometidos. 

Segundo o mesmo estudo, a própria estrutura de um caminhão e os equipamentos de segurança são projetados e construídos para suportar uma determinada quantidade de força em um acidente. Se uma carga transportada está além do limite estabelecido, em alguns cenários o caminhão não aguenta. 

Os leitores ouvidos são unânimes em lembrar que a pavimentação asfáltica nos trechos de chão, da 174, continua sendo uma das maiores necessidades da região noroeste. "Já passou da hora!", ressalta J.B., 32.  Muitos defendem que a fiscalização da capacidade de carga dos veículos deve ser permanente. Quem não deve, não deve pagar pelos infratores, no caso dos estragos que o excesso ocasiona.