Desde o dia 23 março passado, pais, estudantes e trabalhadores das redes de ensino públicas e privadas têm vivenciado uma mudança forçada em torno das aulas presenciais para o ensino a distância (EaD), em Mato Grosso.
Nesse período, a comunidade escolar enfrenta e busca superar os desafios, como providenciar acesso dos conteúdos aos alunos, adaptação dos professores a novas ferramentas de trabalho e manter crianças e familiares engajados com os estudos em casa.
Passados cinco meses e num momento em que Estado apresenta estabilidade no número de casos e de óbitos pela Covid-19, representantes dos trabalhadores e profissionais da área médica entendem que ainda não é hora de as escolas reabrirem os portões para o retorno das atividades presenciais.
A principal exigência é a construção de planos com medidas sanitárias e de distanciamento com a finalidade de evitar a propagação e o contágio da Covid-19 no ambiente escolar.
“Nesse momento é claro que somos contra o retorno das aulas presenciais. A nossa contrariedade é muito pontual e enquanto não tivermos a segurança necessária entendemos que não tem como retornar as atividades em sala de aula. Em Manaus, por exemplo, o que aconteceu lá foi que em pouquíssimos dias que retornaram houve um avanço alto tanto na contaminação dos professores quanto de estudantes e, obviamente, que têm alunos que vão levar (o vírus) para casa”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) subsede Cuiabá, João Custódio.
Ao lembrar que 30% dos profissionais da rede de educação estão no grupo de risco e casos confirmados e de óbitos entre a categoria, Custódio cita ainda uma pesquisa, em nível nacional, que apontou que a maioria dos pais não mandaria ainda os seus filhos para as unidades educacionais.
Divulgado em meados do mês de agosto passado, um levantamento feito pelo Datafolha mostrou que para 79% o retorno vai agravar muito a situação da pandemia.
Segundo o levantamento, as mulheres são mais preocupadas com o tema, pois 80% delas responderam que a voltas às aulas vai piorar a pandemia e 17% disseram que não irá agravar e 3% não souberam responder.
Entre os homens, 77% responderam que vai agravar; 19% disseram que não vai piorar e 3% não responderam.
Custódio observou, no entanto, que há municípios com quantitativo de menor de profissionais e de alunos em que as prefeituras teriam condições, por exemplo, de fazer a testagem de toda a comunidade escolar, consequentemente, oportunizando a reabertura da escola.
“Isso depois de examinar todos os alunos, fazer o teste em todos eles e em todos os profissionais. Agora, vão fazer isso em 750 unidades educacionais do Estado? Como vão fazer isso em 174 unidades em Cuiabá?”, questionou.
Na Capital, conforme ele, são aproximadamente 10 mil trabalhadores. Além disso, ele avalia que o número de casos e óbitos em decorrência do novo coronaívrus ainda é alto, no Estado.
A Secretaria de Estado de Saúde notificou, até a tarde de segunda-feira (31), 92.265 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, sendo registradas 2.811 mortes em decorrência do coronavírus no Estado.
O pneumologista pediátrico Arlan de Azevedo Ferreira também avalia não ser o momento certo para a reabertura das escolas.
“Acho que está cedo. Como a gente tem um retardo, tem um delay entre o que acontece em Mato Grosso e o que já aconteceu em outros estados acredito que poderíamos ter uma postura mais defensiva e ver qual o resultado que vai ter nesses lugares que estão mais adiantados em relação à pandemia e onde se tem uma imunidade de massa mais estabelecida”, avaliou.
“Por exemplo, tem que ver se vão funcionar todas as turmas? Como vai ser o isolamento dentro da escola? Como vai transportar essas crianças? Como evitar a aglomeração das turmas? Então, quando se tiver uma imunidade de rebanho melhor estabelecida é que eu acho que seria interessante a volta (das atividades presenciais)”, completou.
DECRETOS – Em Cuiabá, terminou na segunda-feira (31) o prazo previsto em decreto suspendendo as atividades presenciais nas escolas municipais e da rede privada, instalada na capital. A expectativa era de que até, o fim da tarde, outro decreto prorrogando ou não a interrupção das aulas fosse anunciado pelo prefeito Emanuel Pinheiro.
Em Castanheira as aulas presenciais continuam suspensas e os últimos decretos assinados pela prefeita Mabel de Fátima não fazem referência ao assunto, mantendo-se os termos anteriores, sobre suspensão. Tanto no município como no Estado estão em curso aulas online e através de apostilas para os alunos que não tem acesso as plataformas digitais.
Em nível estadual, uma comissão especial em andamento na Assembleia Legislativa, com participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), analisa a possibilidade de retomada das atividades escolares no sistema estadual de educação e elabora o seu relatório final.
Em Castanheira as aulas presenciais continuam suspensas e os últimos decretos assinados pela prefeita Mabel de Fátima não fazem referência ao assunto, mantendo-se os termos anteriores, sobre suspensão. Tanto no município como no Estado estão em curso aulas online e através de apostilas para os alunos que não tem acesso as plataformas digitais.
Em nível estadual, uma comissão especial em andamento na Assembleia Legislativa, com participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), analisa a possibilidade de retomada das atividades escolares no sistema estadual de educação e elabora o seu relatório final.
O documento terá contribuição de 15 entidades que compõem a comissão, além de diversos convidados que participaram dos debates, e irá propor um protocolo para retorno das aulas, contendo medidas que deverão ser adotadas para prevenir a infecção e propagação do novo coronavírus.
Com Diário de Cuiabá
Com Diário de Cuiabá