Arlinda Batista: Castanheira perde uma mineira de fibra

RESUMO DA NOTÍCIA

Castanheira perdeu neste sábado, 05, uma pioneira. Dona Arlinda Batista deixa uma bela história para as novas gerações.
Uma pessoa guerreira é definida pela capacidade de superar limites extremos. É o caso de uma mulher, que viúva de seis filhos ainda pequenos, trabalha nas árduas lidas do campo, no plantio e colheita de café, arroz e milho, não levando em conta os riscos de um acidente de trabalho, como a perda de um dos dedos. 

Assim foi com Arlinda Batista Lesbão, mineira de Espinosa, nascida em 20 de maio de 1926, que faleceu às 08:40 deste sábado, 10, no Pronto Atendimento da cidade. 

Ela chegou em Castanheira no ano de 1982, quando o hoje município era um povoado minúsculo. Residiu inicialmente na região do Vale Ouro, próximo ao Novo Horizonte, e nas últimas décadas na Av. 04 de Julho, nº 608, ao lado da Guida Calçados, onde gostava de se acomodar na calçada, para conversar com as pessoas. 

Doravante, na medida que os anos avançarem, seus 6 filhos, 21 netos e 24 bisnetos vão lembrar a história de uma mulher de fibra. A virtude da doação tem nela uma referencia segura. “Foi nossa provedora”, destaca o filho Otaviano dos Anjos, 55. “Uma mulher de fibra, nos educou do jeito antigo, mas com muito amor”, reforça a filha Aurora dos Anjos Ribeiro

Além de um lugar vazio à mesa dos encontros familiares, a partir de agora, sempre que o cardápio incluir qualquer tipo de carne com farinha, vai mexer com sentimentos. Também o Pequi, que faz parte de sua história em Minas, quando costumava coletar vários sacos da fruta nativa do serrado para levar aos filhos, num tempo de escassez. 

Muito próximo da avó, o neto Marcelo dos Anjos resgata da convivência uma prática dos tempos de menino, quando costumava ganhar alguns trocados, sob sigilo, para os outros não saberem.  “Coisa de vó”, como lembra um escritor. Olinda Oliveira Ribeiro, também neta, não vai esquecer de sua determinação em defender as pessoas que amava. E de outro carinho típico de vó: uma comidinha, sempre a disposição. 

Com 96 anos, Dona Arlinda faleceu de causas naturais, mas começou a apresentar um quadro de angústia, nos pós Covid, devido ao isolamento. “Ela costumava ficar debaixo da árvore, em frente ao local de sua moradia, onde amava conversar com as pessoas, não poder fazer isto por um longo tempo a abateu”, observa a filha Aurora. Seu corpo está sendo velado na Casa da Saudade e será sepultado às 08 horas deste domingo, 06, no Cemitério Bom Jesus