Aquila e Adriel: enfim, em casa!

Quem vê os irmãos Aquila Diniz Pereira, 10, e Adriel Diniz Pereira, 04, brincando entre si ou com o amiguinho Kelson Pedro Alves Silva, especialmente no pátio da Serraria de Gelson Ferreira da Silva, no Bairro Noga, em Castanheira, não imagina os horrores que eles passaram na fatídica noite de 28 de dezembro de 2019, na região conhecida como Vale do Ávila, entre Vilhena e Pimenta Bueno, em Rondônia.

Morando com a mãe, Angélica da Silva Diniz, eles deixaram a cidade do noroeste do Estado de Mato Grosso para se encontrar com o pai, Sérgio de Jesus Pereira, em Rondônia, aproveitando o período de férias escolares. “Estavam muito felizes com a expectativa do reencontro”, lembram os professores.  

Numa viagem com o pai, no quilômetro 52 da BR 364, já em solo rondoniense, um choque do caminhão dirigido por ele com um ônibus da empresa Bruna Turismo, de Comodoro, MT, resultaria em seis mortes. Entre as vítimas fatais estavam Sérgio, sua companheira Maely, de 20 anos, e a garotinha Karen, filha do casal, de apenas 2 aninhos. Aquila e Adriel, com vários ferimentos, alguns gravíssimos, se salvaram.

Do acidente, Adriel lembra do pai, jogando-o para fora da cabine, evitando que o pior lhe ocorresse. “Ele foi um herói, salvando o filho”, destaca Angélica.  Segundo Adriel, desde o início da viagem o volante da carreta travava. Sérgio, contudo, tentava acalmá-los, dizendo que iria dar tudo certo. Não deu!

Obrigada a deixar Castanheira às pressas, diante das tristes notícias vindas de Rondônia, Angélica acompanhou todos os procedimentos médicos em relação aos filhos. Primeiro, no Hospital Regional, em Vilhena. Depois, no Cosme e Damião,  em Porto Velho, para onde Aquila foi levada, de avião, diante da gravidade de seus ferimentos. Adriel quebrou o fêmur. Áquila, teve complicações no baço, que foi retirado, nas costelas e no pulmão, perfurado. Ambos submeteram-se a cirurgias. 

“Através do que aconteceu, obtive experiências extraordinárias, especialmente da solidariedade de amigos e membros de Igrejas. Hoje meus pequenos só tem a mim e quero fazer de tudo para vê-los felizes”, diz Angélica. Observa que os dois sentem muito a falta do pai, que faleceu no local do acidente. Muitas vezes encontra Áquila aos prantos.  “Quando penso em tudo, contudo, sou muito grata a Deus, por preservar a vida de meus filhos. Eu não saberia viver sem eles!’, observa.  

Em Castanheira, desde o dia 31 de janeiro, essas duas crianças, que viram a morte de perto, já sonham com a volta às aulas. Apesar de passar por uma situação mais complicada, Aquila já está preparada para reencontrar os amigos de Escola. Adriel, contudo, devido ao uso de equipamentos de apoio em uma das pernas, deve esperar mais um tempo.  Depois desta experiência, contudo, esperar ou não é apenas um detalhe.