Abdias Liberato: E lá se vai mais um pioneiro...

RESUMO DA NOTÍCIA

Morreu nesta quinta, 17, em Juína, onde se encontrava em tratamento, Abdias Liberato dos Santos. Vindo do Sul, chegou a Mato Grosso na adolescência. Adotou Castanheira como a terra do seu coração. "Isto aqui é um paraíso", costumava dizer.
Castanheira perdeu nesta quinta-feira, 17, mais um de seus pioneiros. Faleceu, depois de complicações na saúde, em Juína, onde esteve internado no Hospital São Geraldo e UPA, Abdias Liberato dos Santos, aos 68 anos. No dia 14 de maio de 2018, no contexto de uma série reproduzida no Site da Prefeitura Municipal de Castanheira, um pouco de sua história foi contada. 
 
A reportagem, que reproduzimos a seguir, foi fruto de um momento agradável no Casulo, onde morava, à época, com a esposa Maria Aparecida Barros dos Santos. Chegamos a tomar um café, entre uma prosa e outra, num momento bastante agradável.  

Texto de Vivaldo S. Melo

A trajetória de Abdias Liberato dos Santos em Castanheira, onde chegou em agosto de 1984, mostra a saga quase comum a tantas famílias do sul do país em busca de um novo horizonte, enfrentando grandes dificuldades. “Por aqui era só mato. Tivemos que fazer uso do machado para as primeiras lidas com a terra. Chegamos a comer feijão com farinha e peixe, que pescávamos no Corgão, na linha 3, por muito tempo”, contam ele e a esposa,  Maria Aparecida Barros dos Santos.
 
A primeira parada deste funcionário aposentado da Prefeitura Municipal em terras do Mato Grosso, se deu em Denise. “Eu devia ter uns 12, 13 anos e viemos para trabalhar na lavoura”, destaca Abidias, lembrando dos tempos de vivencia com os pais, José Liberato e Maria Araújo dos Santos, já falecidos. Da mãe, destaca a luta para melhorar a renda da família, confeccionando pães.
 
Hoje residindo no Projeto Casulo, na Chácara Coqueiro, onde cria galinhas, porcos e quatro a cinco vaquinhas, que ajudam na produção de alimentos  “para o gasto”, Abidias sonha com o recebimento do título definitivo da terra.  “Isto trará muito benefício para as 17 famílias que residem na área”, diz. Ali recebe esporadicamente a visita dos filhos. São três, apenas um residindo em Castanheira, o funcionário do setor de obras Fernando dos Santos. 
 
Em Castanheira, exerceu várias funções no setor de Obras do município. “Fui mecânico, lixeiro, trabalhei no caminhão pipa, prestei socorro aos ônibus escolares e cheguei a chefe de campo”, lembra. Se aposentou a três anos por motivo de saúde.
 
De boa prosa, fala do envolvimento em várias ações comunitárias, como o empenho nas primeiras festas de comunidades, na região dos Assentamentos num tempo que não havia luz elétrica. “O povo era animado nessas festas, ficando quase 24 horas no ar”, ressalta.  Em tempos de Copa do Mundo, lembra da edição dos tempos de Ronaldinho na seleção brasileira, quando montou uma estrutura no 2º Assentamento, na Comunidade São Paulo, para que todos pudessem acompanhar os jogos.
 
De Castanheira tem as melhores recordações, inclusive dos tempos difíceis, superados com a ajuda de sua amada, conterrânea do Paraná, que veio a conhecer em Denise. Ele é de Paranavaí, onde nasceu há 66 anos. Ela, de Nova Esperança. “Essa terra é um paraíso, lugar sossegado e de um povo humilde”.  Sua luta pela terra que adotou lhe rendeu o título de “Cidadão Castanheirense”, outorgado pela Câmara Municipal em 13 de dezembro de 2010, por indicação do então vereador Elias Cavalheiro.