As onças, hoje, são raras na região da Fazenda que leva o nome deste felino voraz em Castanheira. Mas, outros cenários existem para quem a visita, sendo recebido pelo falante e animado proprietário, Alécio Gonçalves Rios, ou por seu filho e parceiro de lidas, Valdí Gonçalves Rios.
A raça tabapuã, por exemplo, é marca distintiva da propriedade na região noroeste de Mato Grosso. A grande produção de leite, da qual Alécio pé pioneiro ao lado do irmão Arrival Gonçalves Rios, também projeta a Toca da Onça. Porém, o item mais novo a inserir-se nesta marca que ganha peso cada vez mais pela qualidade de seus produtos, é a criação de carneiros.
De olho no que acontece no agronegócio do país, Alécio percebeu o surgimento de uma nova onda: o aumento acelerado do consumo de carne de carneiro e o avança na criação especialmente dos ovinos dorper, uma raça nativa da África do Sul. Honesto com suas fontes, conta que foi estimulado pelo amigo Agenario Miranda, cujos familiares tem experiência bem sucedida na produção em Capim Grosso, Bahia.
Primeiro produtor da raça em Castanheira, não visa num primeiro momento o mercado de consumo, mas vender reprodutores, contribuindo para o surgimento de uma nova opção econômica no município, onde tem investido seus melhores sonhos.
O otimismo deste pioneiro, porém, não se fundamenta meramente no sono. Mas, num fato concreto. Cita recente declaração de um dos maiores criadores do país, Valdomiro Poliselli Jr., tido como embaixador da raça dorper no Brasil. Segundo este, “o dorper é hoje o melhor negócio que existe no mundo rural”.
Raça rústica, de fácil manejo, pode ajudar o Brasil a reduzir nos próximos anos o volume de importação de carne de carneiro, hoje na margem de 35 toneladas por mês, o que representa, em números, 80% do mercado nacional, movimentando algo em torno de US$ 15 milhões/ano.
Com sua determinação, Alécio abraça os esforços atualmente desenvolvidos em escala ascendente para que o Brasil se estabeleça como um grande produtor de carneiro. Cita como atrativo o preço. Comparando com o preço da carne de boi, a diferença é de 63% superior, isto porque se em 10 hectares de terra, de acordo com a média brasileira, colocam-se apenas 8 bois, no mesmo espaço podem ser trabalhados 150 ovinos. Ou seja, o rendimento final é muito maior.
No fim das contas, aplicando-se uma equação que leva em conta o aproveitamento total real de ambos os animais, a bovinocultura tem um rendimento médio de R$ 367,84 por hectare. A criação de dorper, segundo tabela, rende R$ 1.905,12. Por essas e outras possibilidades, a Fazenda Toca da Onça poderá ser conhecida um dia como a Toca dos Carneiros.