Qualquer visitante de primeira viagem que ande por Castanheira se deparará com as ruínas de um empreendimento que movimento o município na década de 80, do século passado, indo além da produção da riqueza oriunda da madeira ainda abundante.
“As boas festas da cidade passavam por ali”, lembra o empresário Lenoir Maria, que engrossou as fileiras de mais de 600 funcionários capitaneados por Elizeu Rezzieri na madeireira que projetou seu sobrenome em todo o Estado. “Até a Gretchen nos visitou”, observa Lenoir, referindo-se ao salão de festas de um complexo que incluía uma agência bancária do Bamerindus, três núcleos de casas com 149 residências e até um hospital.
“Naqueles tempos eu era feliz e não sabia”, diz com saudosismo o radialista Leandro Tenório, da Rádio FM Transamérica de Castanheira, referindo-se ao cotidiano da cidade, especialmente no início dos anos 90, quando a Rezzieri atingiu seu clímax. Também ex funcionário da empresa é taxativo ao destacar a importância da empresa para o município: “tudo passava por ali”.
Alguns castanheirenses que preferem o anonimato , reforçam seu parecer, argumentando que sem a Rezzieri o município não existiria. Verdade ou não, pelo menos um capítulo interessante dos pioneiros da região deixaria de ser escrito.
Ao passar pelo local, hoje, Auildo Gonçalves da Rosa lembra do barulho intenso das máquinas e dos caminhões, que saíam carregados de madeira para diversas regiões do país, especialmente São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Ele deixou um pouco a marca do seu trabalho em vários setores da empresa. Por isto, nos indica algumas funções: pé de fita, ponta de fita, ponta de alinhador, entre outros, próprios de quem está familiarizado com a labuta em Serrarias ou Madeireiras.
Os espaços da antiga Rezzieri, hoje em grande parte tomados pelo mato e algumas edificações entregues ao tempo, lembram a descrição de Darci Azambuja do que vem a ser uma tapera: uma saudade perdida no campo.
Ao invés, porém de lembrar o declínio de um projeto que atingiu um nível de progresso interessante, essa tapera permite uma leitura inquestionável: o que Castanheira é e pode ser – e as perspectivas neste sentido são otimistas – deve-se a história por detrás dessas marcas solitárias.
Queiramos ou não, essa página do passado sempre terá uma conexão com o futuro. E até por isto cabe uma sugestão aos munícipes: que tal o tombamento do que resta da antiga madeireira, transformando-a num bem cultural?