“Era uma vez...” Quando as futuras gerações usarem essa frase histórica para introduzir alguma narrativa sobre os primórdios de Castanheira, vão encontrar o nome de Francisco Luiz Valduga.
Às 23h20 desta quarta-feira, 12, sua história de realizações na terra onde esteve, inicialmente, em 1981, se encerrou, depois de longo sofrimento com um câncer, do qual tratava desde junho de 2021. “Morreu em casa, como queria”, diz Fátima Torres, sua companheira de mais de 20 anos de convivência.
Se o termo pioneiro conecta-se aos primeiros fazeres ou a presença inicial em cenários específicos, Francisco estará sempre nas lembranças dos castanheirenses. De uma de suas paixões, a eletrônica, herdou o apelido de Soni, ligado a famosa gigante japonesa Sony, que no setor, no auge de seu trabalho, era uma referência de peso.
Sem formação, pois estudou apenas até o antigo 3º ano primário, pelo que fazia, nessas e outras áreas, esse paranaense de Mariópolis era um fenômeno, a ponto de ganhar um elogio póstumo do filho, Soni Luiz Valduga, o Doguinha. “Meu pai foi o homem mais inteligente que conheci”, diz.
E se alguém tem dúvidas, Soni criou a primeira emissora de Rádio em Castanheira, entendia de mecânica, cuidando dos próprios carros, entre eles um corcel branco, que segundo a família era seu “xodó” e um veículo Chevette vermelho, de um amigo próximo, o atual vice prefeito Jandir Scheffler, que também está ligado as referências automobilísticas mais antigas da cidade.
Não poucas vezes era visto dirigindo um deles. Ultimamente fazia percursos urbanos com o som automotivo em destaque e tendo, ao ombro, outro amigo chegado, um papagaio ao qual chamava de “meu Lôro cheiroso”.
A história de Soni em Castanheira começa com um tempo de morada na Madeireira Lazzareti, situada na direção do Novo Horizonte, a partir de 1983. Lá era uma espécie de faz tudo. Sua fase urbana teve auge na década seguinte, residindo primeiramente na Av. 04 de Julho, onde o gosto por eletrônica ganhou forma.
Na cidade deu assistência ao aparelho de Raio X, fez manutenção em máquinas na Casterleite e no auge das discotecas, foi DJ na famosa danceteria “À toa à Toa”. Entre 1995 e 1996 foi o maior “tocador de festas” no município, especialmente nas comunidades. Foi, também, precursor das narrativas de propagandas.
Como se vê, muito a se falar de Soni, nascido em 07 de junho de 1961. E como as lembranças se perpetuam, há quem lembre de uma de suas atividades preferidas, nos intervalos entre esse muito fazer. “Ele gostava muito de pescar, especialmente lambarís no Rio 07”, lembra o filho. Outro gostar que vai ser lembrado entre os próximos, era apreciar macarrão e panqueca.
Seu corpo está sendo velado até às 16h30 desta quinta-feira, 13, na Casa da Saudade e será sepultado, em seguida, no Cemitério Bom Jesus. Deixa dois netos, Valentina e Miguel. E certamente uma história de muitas contribuições ao município. Por seu pioneirismo já recebeu Moção de Aplauso do legislativo castanheirense em 02 de dezembro de 2019 por iniciativa do então vereador Nildomar Gusmão de Souza.