A última edição da revista Innovare News, circulou em abril de 2022. Foram 19, ao todo, sendo duas especiais: uma contando um pouco da história do município (Castanheira: Fragmentos de uma História), em outubro de 2021, e outra, em abril do ano seguinte, destacando a vida e obra do médico, poeta, compositor e interprete Dr. Paulo de Tarso, vitimado pela Covid 19 no ano anterior.
O melhor ano da Revista foi 2016, quando três edições foram publicadas, um recorde para um município pequeno, onde as verbas publicitárias são escassas para um projeto caro. As capas, respectivamente pela ordem de circulação, foram “Saudosa Lembrança”, homenageando Sedenir Chaves, “Juntos e Separados”, com enfoque na disputa eleitoral entre Lauro Ramos e Mabel, e Laila Cristiny Pereira Lopes, na época residindo em Várzea Grande e que se destacava em alguns trabalhos como modelo.
Mas, uma das capas possíveis daquele ano bem que poderia ser “A estrada da Morte”, manchete de um dos textos da edição de junho, que destacou algumas tragédias na BR 174, que liga Juína, no Mato Grosso, a Vilhena, em Rondônia, um lugar, à época, marcado pelo medo. De dezembro do ano anterior, ou seja, 2015, aos meses seguintes, a rodovia, historicamente conhecida como AR 1, por alavancar o progresso da região noroeste do Estado de Mato Grosso, chegou a ser interditada pela população por conta de uma dessas tragédias. Devido a tensão, o destaque foi evitado.
Parte do texto
O assassinato dos jovens Genes Moreira dos Santos, 24, e Marciano Cardoso Mendes, 25, no dia 9 de dezembro, cometido por índios da etnia Enawenê-nawê, abriria uma série macabra no trecho ligando Juína a Vilhena e vice-versa, pois quando ninguém imaginava que esta barbárie poderia ser ultrapassada, pois os dois foram vitimados com pedaços de madeira e, antes, torturados, aconteceu a tragédia de 23 de dezembro. A crueldade contra Luzinete Sacchi Barbosa, 50, Glaucia Sachi Barbosa, 18, e Mateus SAchi, 14, esposa e filhos de Elias Barbosa da Silva, praticada por assassinos de Cotriguaçu, que se deslocaram de Juína com objetivo de extorquir o fazendeiro, que escapou de ser a quarta vítima, produziu um choque profundo na população.
E quando essas páginas de violência pareciam viradas, poucos dias depois o trecho voltou a ser cenário de outro crime macabro, este sem elucidação. Para o pintor Aparecido Nunes Martins, 41, a forma como encontrou, no dia 7 de janeiro de 2016, o corpo do seu tio, João Maria Martins, 63, caseiro de uma propriedade do quilômetro, sentido oposto, ou seja, Villhena-Juina, já em Mato Grosso, não será jamais esquecida. O idoso, que estava desaparecido desde meados de dezembro, foi esquartejado, tendo os membros e a cabeça separados do tronco.
O caso do assassinato de Luzinete, Glaucia e Mateus foi muito sentido em Castanheira, pois eles chegaram a residir no município por um tempo, depois que deixaram Cotriguaçu e antes de se fixarem na zona rural de Juína, no trecho das graves tragédias. “Me lembro como se fosse hoje de Mateus, já grande, sentado no colo da mãe, dizendo que seria o seu eterno bebê e da menina Glaucia, falando do sonho de ser médica”, destaca Leia de Oliveira, da Fazenda JM. “Eles foram muito queridos, foram nossos vizinhos”, lembra Fabiana da Silva Tigre. Para as irmãs Vitória e Bruna Ferreira, a notícia do brutal assassinato produziu estarrecimento. Durante um tempo reles frequentaram a Igreja Mundial do Poder de Deus. Sobre Mateus, Beatriz Taina destaca que “era super gente fina, de um comportamento exemplar”. Tanto neste caso, como no assassinato violento de Genes e Marciano, a motivação teria sido a ganância dos agentes da violência.