Férias: No aeroporto de Castanheira crianças alimentam o lado menino e moleque

RESUMO DA NOTÍCIA

O lado bom de um aeroporto raramente usado, é o espaço que oferece para uma brincadeira das antigas: soltar pipas.
É possível dizer que no período de férias as crianças não se envolvem mais nos diversos tipos de brincadeiras comuns em outros tempos. Por isto, os adultos castanheirenses que carregam dentro de si o “menino, o moleque” que um dia já foi real, devem sentir um arrepio de saudade, nesses dias, ao passarem pelo aeroporto da cidade.

No local, hoje tomado pelo mato e com o cheiro de morte no ar, dos animais descartados por alguns cidadãos sem consciência ambiental, alguns garotos tem soltado pipa, brincadeira divertida e simples, pois basta algumas varetas, madeira e uma linha para fazer uma e vê-la malabariar (neologismo) no céu.

Para Ana Beatriz, Atos, Thiago, Isadora e Marcela, irmãos e primos que unem Castanheira e Governador Valadares na brincadeira, ter uma pipa ou papagaio – é a mesma coisa – é garantir uma diversão diferente, uma vez que os celulares aos poucos substituem as brincadeiras mais rudimentares.

Cerol

Com o passar dos anos, o entorno desta brincadeira incorporou um perigo, o cerol, mistura cortante de vidro moído e cola que alguns passam na linha a fim de cortar a linha de outra pipa. O objetivo da ação já tira do ato de soltar ou empinar pipa ou papagaio o status de uma brincadeira sadia, pois a linha cortante pode gerar acidentes com pessoas e animais. 

Existem inúmeros registros de mortes, provocadas por cortes provocados pela linha coberta por essa mistura de cola e vidro quebrado. São mais de 100 acidentes por ano, que resultam em muitas mortes, segundo a Associação Brasileira de Motocicletas.

Além das maiores vítimas, os motoqueiros, o cerol também põe em risco a vida de animais e de aves como urubus, corujas, pombos e passarinhos. Quando são feridas pelo cerol, dificilmente conseguem sobreviver.

Outro perigo

Existe também perigo para quem solta pipa. No ato de empiná-la é preciso atenção para o que acontece em volta, pois a tendência é que os olhos acompanhem a pipa, voando pelo céu, e vem então o risco de atropelamento cair de cima de uma laje, cair em um buraco, etc. 

É por isso que ao soltar pipa é importante que se busque um terreno plano, com poucos obstáculos. Na rua tem o perigo de carro, motocicletas, bicicletas e até de chocar-se com outras pessoas.

Como soltar/empinar

É possível soltar pipa sozinho, em um pequeno espaço, com menos de um metro. Tudo que é preciso fazer é ficar de costas para o vento e ir administrando a linha, deixando um pouco sempre fora do carretel e tomando cuidado para não embolar. Na medida que puxa a pipa é preciso ir liberando linha até ela ficar flutuando no céu.

Para que a pipa desça, é preciso puxar a linha para baixo. Isso é apelidado de “retão”. Para que ela mova para a direita ou para a esquerda é só puxar para baixo (deixando a mão meio mole, tremendo) e ir para o lado desejado. Para a pipa subir é só puxar rapidamente.

Dicas dos bombeiros

1. Não solte pipa nos dias de chuva, pois se houver relâmpagos no céu, você pode receber uma descarga elétrica e morrer.

2. Cuidado com as antenas, existentes em quase todas as residências e os fios elétricos.

3. Vá brincar em um parque ou em uma roça.

4. Todo cuidado é pouco, se você estiver empinando sua pipa em locais movimentados, pois pode ser atropelado ou cair em algum buraco, principalmente se estiver andando para trás.

5. Preste atenção ao trânsito, carros, motos, bicicletas, para evitar ser atropelado.

6. Nunca escolha linha metálica (fio de cobre ou bobinas), nem papel laminado para usar em sua pipa.

7. Nunca empine sua pipa de cima de uma laje, telhado ou qualquer lugar que não tenha proteção. Brincar é bom, mas está vivo e saudável, é o principal de tudo.

Importante destacar que muitos adultos gostam de participar da brincadeira. Existem também os concursos de pipas. Em Castanheira a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, na atual gestão, já realizou um. 

Lembrando “Bola de Meia, Bola de Gude”, de Milton Nascimento, “toda vez que o adulto balança” a prática pode ser uma boa terapia para os meninos e moleques que moram dentro da gente. Fica a dica do Castanheira News.