A propósito do Maradona além futebol...

RESUMO DA NOTÍCIA

Ao invés de um silêncio respeitoso, muitos estão usando as redes sociais para lembrar erros do astro de futebol Maradona. O que é recomendável no tempo que se chama hoje?
Vivaldo S. Melo

Sei que que os famosos pagam um preço. Em vida e na morte. Hoje, com milhões de influenciadores sociais, desde o Zé Mané que fala/escreve pelos cotovelos aos loucos letrados, quando alguém morre bastam minutos para que uma tonelada de textos apareça nas redes sociais. Se politicamente o morto se alinha com a direita ou esquerda, a densidade é maior. Os adeptos desses lados se digladiam de forma exaustiva e estúpida. Neste cenário, Maradona é a bola da vez desde ontem. 

Paralelamente aos textos que elogiam sua genialidade com a bola nos pés, textos aos milhares o detonam. Alguns são hilários, para não dizer trágicos, como um que define o craque como arrogante por conta de uma ou outra resposta que deu, num universo onde outras são lembradas pelo carinho e gentileza. Do pó que cheirou, dos livros que leu, dos charutos que fumou, etc.,  fervilham posts. E vão aparecer aqueles falando que, pelo seu jeito de dormir, comer, opções de voto, etc. ele era isto ou aquilo. Meu Deus! Que chatice! 

Opinando como cristão e respeitando os outros pensares, não me espanto com tanta falta de amor e piedade, quando os autores textuais são pessoas que não leem as Escrituras. Mas, difícil é ver cristãos confessos, que se dizem apaixonados, alguns líderes de rebanho, usando espaços que poderiam usar para outras coisas, produzindo fartamente textos - incluindo agora o tema "Maradona" -, onde assumem o papel de juízes dos processos históricos. Publicar alguns, a gente até entende, mas pelo menos nos meus espaços tem aqueles que  escrevem tanto, isto quando não reproduzem (inclusive fakes), que passam a impressão de que não tem outra coisa a fazer.  Penso que Jesus, hoje, diria “quem não tem pecado, que escreva uma primeira palavra”. 

Acho que a crítica tem seu momento certo e deve ser feita pelas vias certas. E mesmo assim precisa obedecer a regras mínimas de amor ao próximo, para nossa própria sanidade. Hoje, quando milhões de argentinos e outros admiradores do bom futebol reverenciam Maradona como jogador de futebol, não deveríamos usar os dedos para ir além disto. Depois, quando o tempo passar, é possível escrever sobre lições de vida que podemos tirar da história de Maradona, inclusive a partir de seus erros, mas nunca deixando de vê-lo como alguém futebolisticamente diferenciado. Como amo a Bíblia, penso em Salomão dizendo que há tempo para tudo debaixo do sol. 

No tempo que se chama hoje deveríamos evitar tribunais humanos para julgarmos o astro do futebol. Além do futebol, o momento deveria ser de silêncio.  Dieguito deve ser amado por familiares e amigos, como amamos os nossos, muitos dos quais inseridos em realidades que podem motivar os mesmos julgamentos. E deve ser triste, numa pesquisa posterior, sobre o tempo de sua morte, encontrarem tais registros. E, afinal, quem somos nós para julgarmos alguém, considerando-se como evangelho nos define? Se acharmos que temos algum mérito, que possa fazer com que olhemos para o próximo e o desmereçamos, isto não se deve a nada que haja em nós. Não é assim? Então vamos baixar a bola e deixar para hoje apenas a bola de Maradona e lembrar das alegrias que ele deu, no campo.