Identidade cristã distorcida

RESUMO DA NOTÍCIA

Texto do Reverendo Robinson Granjeiro, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Não. Você não está com problema de visão. É um autorretrato borrado mesmo (imagem de destaque).

De certa maneira, representa a distorção de percepção de identidade fruto de um olhar ensimesmado, seja de um indivíduo, seja de um grupo de pessoas reunido por crenças, valores e propósitos comuns. 

Há três espelhos que ajudam a criar uma identidade: o Criador, como o perfeito definidor da realidade, o outro, seja família, grupos sociais etc. que, nos ajudam a nos diferenciar e/ou a nos identificar com quem/com o que não somos e, finalmente, a autopercepção.  

Em Atos 11:26 registra-se que “Em Antioquia, foram os discípulos (de Jesus), pela primeira vez, chamados cristãos”. 

Aqueles que eram conhecidos como os “do caminho” tinham se reconhecido e eram reconhecidos por outros como “pequenos cristos”, porque se identificavam e eram percebidos como seguidores semelhantes a Cristo e a seus valores.

Para além das análises políticas já feitas (e ainda a ser feitas) por muitos desde os episódios de ontem em Brasília, seguramente posso afirmar que os cristãos que deles participaram, financiaram e apoiaram estão “distorcidos” na percepção do que é a identidade cristã. 

Como cidadãos, teriam (e têm!) todo o direito de, por todos os meios legais e legítimos, de protestar, indignar manifestar opinião e posicionamento político. 

Mas, aquilo lá não se justifica, sob nenhum crivo da história do Cristianismo, por nenhum fundamento teológico, filosófico ou ético. 

No mínimo, foram “massa de manobra”, mas alguns conscientemente se “distorceram” e são percebidos agora por qualquer identidade (baderneiros, vândalos, criminosos, terroristas etc.), menos a de ser “seguidor de Cristo”.
Lamento muito o que provocaram - não em nome de Cristo e para a glória de Cristo - mas por um fanatismo ideológico cego e estéril. 

Não dá para ser condescendente: deram um péssimo testemunho de Cristo, além de participarem na ação mais “burra” e inútil politicamente falando da história recente da república, pois vestiram o papel ideal da narrativa que já estava pronta e que só serve a quem e ao quê pretendiam supostamente combater.

Agora, é esperar as consequências de toda ordem. Só não digam que sofrerão “por amor a Cristo”.

Rev. Robinson Grangeiro