No livro de memórias “Pedro Pedrossian, o pescador de sonhos”, o já falecido e saudoso ex governador de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, relata no Capítulo IX, o surgimento de Aripuanã, designando-a como exemplo de superação.
Ele destaca que quando assumiu o governo de Mato Grosso, antes da divisão, a situação jurídica do município era sui generis. A Constituição estadual estabelecia, nas disposições transitórias, que por lá só seriam realizadas eleições quando se reunissem condições necessárias. Assim, o prefeito seria nomeado pelo governador, com prévia aprovação da Assembleia Legislativa.
Não havia qualquer meio de comunicação entre a capital e o pequeno povoado, distante mais de 800 quilômetros ao norte de Cuiabá. Nomeado, o prefeito para lá chegar tomava o avião para o Rio de Janeiro. Dali, para Manaus, outro avião, onde aguardava o dia que houvesse barco (ou motor, como se dizia), para o destino final. Esse percurso demorava, dentro da normalidade, em torno de trinta dias.
Pedro Pedrossian compreendeu que esse panorama ensejava um grande projeto. Foi aí que tomou como piloto para o seu teco-teco, emprestado de seu cunhado, Firmino, um jovem e inteligente profissional de tradicional família de Aparecida do Tabuado, chamado Amauri Furquim. Via nele a pessoa ideal para iniciar o processo de desbravamento daquela região, com a sua maneira impetuosa, corajosa e idealista. Convidado, ele aceitou.
Com a ajuda de uns poucos moradores, uma pista para o Cesna 172 foi construída. E a primeira viagem foi realizada, com a visão fantástica das matas e rios da região. Amauri veio a ser o prefeito. “Deixou marca indelével nesse trabalho patriótico de conquista”, destaca Pedrossian, observando que a função de prefeito de Aripuanã era cobiçada por muitos, porque se podia morar na capital, sem maiores preocupações de trabalho, dispondo se status e vencimento, sem maiores compromissos administrativos.