Campo Novo do Parecis será o novo lugar de morada, por um tempo, de Kamilly Cristina Senem da Silva, 17. Sua jornada de futuro, trilhada por profissionais hoje médicos, odontólogos, fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos, etc., formados em escolas públicas de Castanheira e bem sucedidos na difícil luta dos interioranos por um espaço na vida acadêmica, vai fazer dela uma engenheira agrônoma.
A notícia de ter conseguido uma das quatro vagas remanescentes do curso, no IFMT de Campo Novo do Parecis, concorrendo com 59 outros estudantes, teve celebração imediata da avó Neuza, lembrada pela futura acadêmica como uma mulher de coragem. "Você é meu orgulho!", disse a avó. “Mesmo com o coração apertado, temendo a distância, ela sempre me apoiou nos estudos e o que aconteceu é a realização de um sonho também para ela”, observa a neta.
O 3º lugar entre 59 concorrentes de Kamilly, com média acima de 8, é uma marca que toca o coração dos professores da rede pública castanheirense, já acostumados com o bom desempenho do alunado que deseja seguir em frente após etapas que começam, quase sempre, nas escolas municipais e terminam na Escola Estadual Maria Quitéria. Com ela foi assim. Os passos iniciais foram numa escola rural, a Raquel de Queiroz, já desativada, no 2º Assentamento, na época sob direção do professor Lourival Alves da Rocha, terminando na turma do 3º B de 2021 da escola urbana.
“Sempre tive um bom relacionamento com meus professores, em especial com a professora Dora, que sempre me incentivou, me dizendo o quanto eu era boa e me estimulando a prosseguir; isto deu força para que correr atrás do meu sonho”, destaca, se referindo a esses seres humanos especiais na vida de qualquer um, por sinalizarem sempre com um futuro melhor, mesmo na contramão da história.
A opção por agronomia tem boa fundamentação. “Eu sempre me identifiquei com o campo, fui criada no Sítio, na Comunidade Santa Elisa, 2º Assentamento, no Vale do Seringal, com meus avós, e mesmo depois de mudar para a cidade, meu coração ficou lá naquele cantinho”. Ao falar de seu novo destino observa: “Campo Novo sempre me motivou para isto, meus olhos brilham ao olhar para o vasto horizonte das lavouras”. Diz que chegou a pensar em outras profissões, mas agronomia sempre foi a referência maior.
De gostos simples, entre eles tomar tereré numa roda de amigos e conviver em família, até por isto caseira, já fala em saudade, mesmo ainda estando em Castanheira. Uma referência deste sentimento é a Escola Maria Quitéria. “Vai estar pra sempre em meu coração; de lá não tenho uma, mas milhares de recordações boas, que levarei comigo, e de ensinamentos de pessoas que contribuíram para esta conquista”, diz dos amigos e professores.
Para a moçada que sonha ir além do ensino médio, habilitando-se em áreas específicas para melhor servir na vida em comunidade, a filhota de Grezieli Senem e Valdeir da Silva, neta querida do “Seo” Osni diz que “é preciso continuar acreditando, o esforço nunca será em vão”. Depois destes olhares para baixo, muda o foco, afirmando que “Deus tem a história de cada um já escrita, as vezes nem imaginamos e do nada tudo muda, por isto costumo dizer que nada é sorte, é Ele agindo e eu sou a prova disto!”.