O volta as aulas de 2020 tem uma conversa predominante. Na Escola Estadual Maria Quitéria, por exemplo, só não superou as angustias iniciais com a formação de turmas, quando chegou-se a cogitar até a volta das antigas salas seriadas, diante da falta de alunos. Mas, as brincadeiras de extremo mau gosto “Roleta Humana” e “Rasteira” estiveram e estão em pauta por lá e em outras instituições escolares de Castanheira.
As conversas avançaram nas últimas horas, com o contraponto – uma forma de reação – feito por alunos de diversas escolas do país, postando vídeos nas redes sociais com foco no “não façam isto” ou com o posicionamento de influenciadores sociais, alguns de forma bem direta como o “fico p... com esses idiotas e retardados!” exteriorizado por um deles.
As duas “brincadeiras”, definidas como“mortais” ou “malditas” por alguns especialistas, são uma espécie de desafio proposto a alguém, num rito a três. No caso da “Rasteira”, três pessoas, geralmente adolescentes e jovens, ficam emparelhadas, sendo que a do meio, em determinado momento, ao tentar imitar as outras duas, leva uma rasteira, caindo de costas e batendo a cabeça. Na outra, duas pessoas, seguram as mãos e fazem um laço para que uma terceira, ao centro, faça um giro de 180 graus. Quando a brincadeira não dá certo, a cabeça desta pessoa se choca com o solo. O resultado de ambas, tem sido ferimentos, alguns graves, e até mortes, como aconteceu com a jovem Emanuela Medeiros da Costa (foto na galeria), de 16 anos, em Mossoró, Rio Grande do Norte.
“Estupidez”, definiu uma professora da Escola Municipal Castanheira, que prefere o anonimato, diante da seriedade do assunto. Ouvido pelo Innovare News, o ministro presbiteriano Jonas Valente destaca: “Terrível! Meu Deus! Nossos adolescentes e jovens estão perdidos! Oremos por eles...”.
Os psicólogos Afro Marcondes e Aluizio Vidal Flor, também consultados por nosso Site, tocam na raiz do problema. Afro, que é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em Vila Aurora, Rondonópolis, lembra que muitos fatores explicam essas iniciativas, todos ligados a agressividade natural e latente do ser humano. Destaca entre eles o desejo de afirmação, aceitação e respeito do grupo, a velocidade alucinante de divulgação de práticas “excitantes”, especialmente entre os jovens, o decréscimo de atividades recreativas saudáveis e a abdicação da missão exaustiva de disciplinar, comum aos nossos dias.
Para Aluizio, que já esteve várias vezes em Castanheira, a convite da Comunidade Nova Canaã, essas brincadeiras são reflexo do sadismo, que em alguma medida ocupa espaço no interior do ser humano, desde as brincadeiras que fazemos em assustar crianças e rirmos disto, até mesmo aquelas que promovem profundos constrangimentos. “Na adolescência, isso se potencializa, pois rir de alguém se transforma numa espécie de prazer, especialmente em ambientes públicos”, destaca o também ministro presbiteriano, pastor da Igreja Presbiteriana Gileade, de Porto Velho, Rondonia.
Especialistas ouvidos nesta quinta, 13, alertam aos pais e aos próprios jovens para condenarem brincadeiras perigosas como a roleta humana e da rasteira. Destacam que elas se proliferam porque são gravadas e compartilhadas em redes sociais e sites jovens. Para todos, a prevenção está prioritariamente com os pais e os coordenadores escolares, neste caso considerando-se que elas acontecem em grande parte no ambiente escolar.
(As fotos de alunos da Escola Maria Quitéria, pela campanha do "NÃO" foram produzidas pela professora Amaziles Eleto, a Tuíta).
(As fotos de alunos da Escola Maria Quitéria, pela campanha do "NÃO" foram produzidas pela professora Amaziles Eleto, a Tuíta).